Na era pré-5G, quem ainda não adaptou seus serviços e operações para o ambiente digital está cada vez mais longe do seu público-alvo. Afinal, grande parte das atividades hoje passam pelo smartphone. E, pelo jeito, o uso ficará ainda maior 

A disrupção digital vem transformando setores que pareciam incólumes à mudança – do transporte aos bancos; do varejo à indústria; da logística à comunicação. Todos eles foram impactados (e serão cada vez mais) pela tecnologia.

O seu negócio, certamente, já sente na prática os efeitos dessa transição. A chegada da rede móvel 5G, prevista para 2020 no Brasil, irá movimentar ainda mais o mercado, como um todo.

Isso porque com a entrada da nova tecnologia, teremos acesso a uma velocidade de 1Gb/s, o que significa que nossa navegação será, pelo menos, 50 vezes mais rápida do que hoje, com o 4G.

Em pouquíssimas palavras, sabe o que o avanço dessa rede tem a ver com a sua empresa? Tudo, já que ela transformará a capacidade das companhias e, com isso, a forma como elas se comunicam e operam.

Até 2020, também, o planeta estará muito mais conectado. De acordo com a empresa americana Andreessen Horowitz, estima-se que ao fim do próximo ano teremos 50,1 bilhões de dispositivos em uso.

Para Pietro Delai, gerente de consultoria e pesquisa da IDC Brasil, esse é o momento para as corporações aproveitarem ao máximo o novo e tudo que está por vir.

“A palavra-chave é velocidade. Se você não lançar sua ideia ou digitalizar seu negócio amanhã, o seu concorrente irá, e isso poderá tirar você do mercado. Empresários precisam se preparar para este novo ciclo e, principalmente, ter estrutura para o crescimento dentro da economia digital”, afirma.

Mudança de mindset

A mentalidade das corporações brasileiras, segundo ele, sempre foi um dos maiores entraves para a digitalização. “Mais de 60% do orçamento de tecnologia costumam ir para o legado. Ou seja, gasta-se mais com o antigo do que com o novo”, diz.

Pelo menos, era o que ocorria nas companhias nacionais. Ao que tudo indica, a mentalidade dos empresários está mudando.

Nos próximos três anos, a maior parte das empresas estará dedicada a esforços para correr contra o tempo. “Muitas não tiveram uma visão mais ampla e ainda estão no processo de conscientização para desenvolver oportunidades.”

Esse tema estará no foco de companhias em todo o planeta este ano, aponta a IDC. Até o fim de 2019, os investimentos em transformação digital deverão atingir US$ 1,7 trilhão, aumento de 42% em relação a 2017.

“Há também empresas que acreditam que digitalização é projeto para grandes instituições. Mas a questão é que todas as companhias, independentemente do porte, podem se beneficiar”, garante.

Delai exemplifica a afirmação ao citar um pequeno escritório de arquitetura em São Paulo. Antes mesmo de começar uma obra, o cliente já visualiza o projeto finalizado.

A tecnologia, nesse caso, entra para reduzir custos e oferecer uma experiência totalmente inovadora. “Com um QR Code e óculos de realidade virtual, a pessoa consegue ‘entrar’ no projeto pelo smartphone, fazer as alterações e ter exatamente a ideia de como ficará sua obra”, diz.

Segundo ele, ações como essa aumentam o nível de satisfação do cliente e trazem mais rentabilidade para a empresa. “As marcas têm de desenvolver negócios pensando nesse pequeno aparato digital”, afirma ele, referindo-se aos smartphones.

E precisam mesmo, afinal, o brasileiro é um grande entusiasta desses aparelhos. Em 2014, 104 deles foram vendidos por minuto. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), atualmente o País tem mais de um celular inteligente ativo por habitante.

De olho na maior dependência digital, o mercado, é claro, tem sofisticado cada vez mais seus produtos. A sul-coreana Samsung apresentou recentemente sua nova criação, que promete desafiar sua maior concorrente, a americana Apple. Trata-se do Galaxy Fold, seu primeiro smartphone dobrável.

Samsung inova

A Samsung inovou ao apresentar seu primeiro smartphone dobrável.

A grande sacada é que o dispositivo é um celular de 11,7 cm que se transforma em um tablet de 18,5 cm. No mercado internacional, o aparelho inteligente custará US$ 1,9 mil. Mas os brasileiros vão ter que segurar a ansiedade, já que ainda não há previsão de venda por aqui.

A chinesa Huawei não deixou por menos e também lançou um celular dobrável para chamar de seu durante a Mobile World Congress, em Barcelona: o Mate X. A empresa está chamando-o de “o telefone 5G mais rápido do mundo”.

Se é ou não, não podemos afirmar, mas os aficionados por foto, certamente, vão gostar do produto por um “simples” detalhe. As lentes são da marca alemã Leica, uma das mais conceituadas no mundo da fotografia.

O preço promete ser mais salgado do que o praticado pela concorrente Samsung: na casa dos US$ 2,6 mil. E, da mesma forma, ainda não há previsão de venda no mercado brasileiro. Será a “guerra dos dobráveis”? Só nos resta esperar.

Transações digitais em alta

A tecnologia, como temos acompanhado, tem movimentado também o setor financeiro. Segundo a pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2018, as movimentações financeiras via canais digitais pularam de 4,4 bilhões em 2016 para 5,3 bilhões em 2017.

Prova que o consumidor tem dado preferência às operações eletrônicas ao manuseio do dinheiro em espécie. Em volume de transações, a redução nos saques nas agências e postos de atendimento bancário (PABs) foi de quase 40 bilhões em 2017. Números que justificam o sucesso das fintechs e a onda dos pagamentos por proximidade via cartões, smartphones e outros dispositivos.

E falando em pagamentos digitais, não dá para não citar a Ásia. Por lá, o serviço Alipay, da gigante chinesa Alibaba, mudou a forma como os chineses compram e pagam por suas mercadorias (assista ao vídeo).

Estima-se que o aplicativo de pagamento seja usado em 53% das transações – seu concorrente WeChat Pay, da também chinesa Tencent, assume 40% do mercado.

Como forma de atrair mais consumidores chineses, a rede de drogarias americana Walgreens, que opera quase 10 mil pontos físicos nos Estados Unidos, já aceita essa forma de pagamento. No Brasil, vemos iniciativas semelhantes em restaurantes e lojas, que ganham o apoio de bancos e companhias de cartões.

Para Pietro Delai, ações que trazem mais comodidade terão cada vez mais mercado por aqui. “As pessoas querem praticidade, por isso, todas as soluções digitais que vêm para simplificar nossa rotina costumam ter êxito”, diz. “E, ainda, temos um grande propulsor para essas iniciativas: o próprio brasileiro, que é apreciador de tecnologia”, finaliza.