As compras através do celular já são realidade no comércio eletrônico brasileiro. Saiba porque usuários estão confiando mais no aparelho e a opinião de fabricantes que disponibilizam aplicativos para fomentar mais negócios no setor de peças

Uma coisa é fato: o brasileiro está cada vez mais digitalizado. E não é apenas a comunicação que tem sido beneficiada com a tecnologia. As compras através dos smartphones têm ganhado força no comércio virtual.

A afirmação vem de um estudo feito pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL): 33% dos consumidores virtuais ativos utilizam os smartphones como principal ferramenta de compra.

O uso do dispositivo móvel para essa função é ainda maior entre o público jovem (48%), pessoas das classes C, D e E (38%) e mulheres (37%). O computador, no entanto, ainda é o instrumento mais usado na hora de adquirir produtos na internet, com 66% de preferência.

De acordo com a pesquisa, que ouviu 815 consumidores de ambos os gêneros, o celular já é utilizado por 74% dos respondentes em ao menos uma das etapas de compra, envolvendo pesquisa de produtos e serviços (32%), comparação de preços (28%) e pagamento (14%). Apenas 24% dos entrevistados admitem não contar com o auxílio do celular nas compras online.

“Com a evolução constante dos meios de pagamento online, ficará cada vez mais rápido e seguro comprar pelo celular. Basta lembrar que ele é mais acessível à população, pois, no geral, é mais barato investir em um smartphone do que em um computador ou notebook”, explica o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.

Autopeça na ponta dos dedos

O setor de reposição também está se adaptando às mudanças na forma de consumo dos usuários. De olho no digital, criamos o Canal da Peça, marketplace que conecta varejistas, distribuidores e consumidores finais. O portal também está disponível através de aplicativo, funcionado nos sistemas Android e iOS.

Profissionais da área enxergam a onda dos apps com bons olhos. “É fundamental termos acesso aos produtos e catálogos de fabricantes no nosso celular. Não dá mais para andarmos para trás”, opina o mecânico Reinaldo Nadim, da Foxcar.

Atentos à alta representatividade dos smartphones nas compras online, fabricantes de peças, como MTE-ThomsonSKF e Nakata, já têm um aplicativo para chamar de seu. A ideia é fomentar mais negócios para seus revendedores, já que as companhias não vendem diretamente para o consumidor final, e sim, facilitam o comércio através do ambiente virtual. Há mais de um ano em operação, o aplicativo da MTE-Thomson já contabiliza mais de mil downloads.

Estamos monitorando o acesso e o crescimento é exponencial”, afirma Alfredo Bastos Junior, diretor de marketing da MTE-Thomson. “O smartphone ainda não é o principal canal de venda, mas está crescendo muito rápido.”

No médio prazo, a empresa estima que 15% de suas vendas serão realizadas através das plataformas virtuais. “Temos que disseminar o comércio online de autopeças. Algumas pessoas ainda têm preconceito em fazer compras pela internet. Mas estamos confiantes nos bons resultados que teremos na rede”, diz Bastos.

Para o consumidor Nelson Milani, atrativos como descontos têm ajudado na propagação dos apps. “Não costumava usar aplicativos de compras, mas tenho visto que alguns fabricantes têm lançado promoções através deles. Vou aproveitar para conhecê-los”, afirma.

Indústria conectada

A SKF também está acelerando quando o assunto é solução digital. A companhia está totalmente integrada às plataformas virtuais. “Lançamos aplicativo, disponível nos sistemas Android e iOS, pois complementa nossas ferramentas de alcance ao cliente, uma vez que sabemos que hoje o celular é quase uma extensão do nosso corpo”, diz Fábio Fabri, coordenador de marketing da SKF no Brasil.

Sergio Montagnoli, da Nakata. Foto: Adriano Stofaleti.

No mesmo caminho, a Nakata fez sua estreia na rede através de portal exclusivo e aplicativo. Para Sergio Montagnoli, diretor de marketing e vendas da Nakata, a indústria precisa acompanhar as tendências.

“Quem não é visto não é lembrado. O setor tem que investir em mais um canal de vendas, a internet. Através dela, o cliente pode comparar preço e escolher onde quer comprar. A rede favorece a economia. Por isso, o comércio eletrônico tem crescido tanto”, opina ele, que destaca as vantagens das soluções digitais para o mercado de reposição.

“Através do Canal da Peça ficou muito mais fácil para quem quer vender peças online. A plataforma e o aplicativo já têm um fluxo de clientes; nós também. O varejista que expõe sua marca com a gente, além de economizar tempo e dinheiro, já terá grande audiência”, afirma Montagnoli.

Mais online do que nunca

O estudo do SPC Brasil e da CNDL também afirma que as lojas virtuais já ocupam a primeira posição dos canais mais utilizados para fazer compras no último ano: 93% de menções, ficando à frente das lojas de rua (62%) e dos shopping centers (58%).

Se o online está desbancando as lojas físicas, o faturamento das vitrines virtuais está alto, certo? Certíssimo. Adriano Yoshizato, da Brajauto, que o diga. Há dois anos comercializando pela rede, 70% das vendas são feitas pela internet.

“Estamos deixando a vida nos levar, mas tudo indica que a web será o principal meio de compras de autopeças daqui a alguns anos. Já percebemos que está tendo crescimento de consumidores finais. Assim como o varejo muda, o perfil do comprador também”, diz Yoshizato, membro do Clube Canal da Peça.

Tecnologia na comunicação

As compras pelos smartphones não estão só. O aparelho também tem sido a principal ferramenta para comunicar lançamentos e promoções. Tem até profissional comercializando através do WhatsApp.

O mecânico Joaquim Marques, da Jo Pneus, utiliza o aplicativo de mensagens instantâneas como canal de relacionamento e de vendas. “Muitos pedidos são feitos através dele, porém são efetivados no balcão. É um meio prático e assertivo de divulgação e, agora, de vendas também”, afirma.

Para Alfredo Bastos Junior, o smartphone também possibilita resolver questões técnicas e fidelizar clientes através de ações segmentadas. “Conseguimos, via WhatsApp, explicar o modo de aplicação de um determinado produto, enviar lançamentos e afinar a comunicação com nossos clientes. A tecnologia se faz cada vez mais presente no cotidiano do setor”, analisa. O smartphone é um instrumento cada vez mais poderoso para a indústria e para o varejo.