Para colher todos os benefícios da digitalização é importante ir além do trivial e apostar em novas oportunidades de negócio. Aqui, revelamos alguns insights para a sua empresa ter cada vez mais sucesso no mercado

A era digital é um dos assuntos mais relevantes atualmente entre companhias e indústrias em todo o planeta. Afinal, ela promove a inovação, que é a palavra de ordem em um cenário que exige cada mais resiliência. Manter uma loja virtual, no entanto, está longe de ser o ápice da digitalização. Quer saber a razão?

O conceito de transformação digital abre portas para novas oportunidades de negócio e vai muito além da ideia de atrair novos clientes e comercializar para todo o país ou para qualquer lugar do mundo, apesar de ser uma de suas consequências.

A digitalização é vista, atualmente, como forma de ampliar a conectividade com stakeholders locais – ou seja, atender de maneira mais assertiva às necessidades dos consumidores recorrentes e fiéis, oferecendo, sobretudo, novas experiências de compra e de relacionamento. A transformação ainda refere-se à mudança cultural da empresa. Por isso que um e-commerce isolado representa apenas a ponta do iceberg.

Enxergar além do óbvio

Ao mirar apenas a ponta do iceberg – isto é, iniciativas triviais -, o executivo perde a oportunidade de ir a fundo em outras estratégias e, assim, deixa de aproveitar todos os benefícios da real digitalização.

Num mundo totalmente conectado, o potencial do negócio neste ambiente pode ser gigantesco através de um relacionamento digitalizado; pontos de estoque e logística integrados, que garantem entregas mais rápidas, menor custo e maior quantidade de itens disponibilizados; e pós-venda digital. Para melhor compreensão, dividimos o conceito em três níveis.

O primeiro refere-se à transformação do negócio localmente, digitalizando pontos de vendas atuais. Ao conectar clientes e vendedores, a ação permitirá que eles sejam melhor atendidos, otimizará o tempo dos profissionais e garantirá uma comunicação mais rápida e fluida. É possível, ainda, colocar em prática novas estratégias (upselling e cross-selling), possibilitando que mais produtos e serviços de maior valor agregado ou de outras categorias estejam disponíveis no canal.

A segunda etapa propicia atingir novos mercados. Isso porque o projeto no ambiente digital poderá ganhar mais solidez e, com isso, integrar parceiros – logísticos, financeiros e/ou outras lojas -, a fim de criar um novo ecossistema.

Ao conectar cada vez mais soluções, o negócio poderá ir mais longe e, consequentemente, atingir novos clientes. Por fim, quando o ecossistema estiver consolidado, outras receitas poderão ser incrementadas por meio de novos negócios e serviços. Nesse ponto, a empresa terá potencial de crescer cada vez mais e atingir a maturidade digital.

Foco no cliente

Toda transformação digital deve se basear no cliente, que é o ponto de start para as mudanças. Esse é o segredo para crescer e se manter no mercado atual. Jeff Bezos, fundador da Amazon, já disse em entrevistas que “o fator mais importante que levou sua companhia ao sucesso foi o foco obsessivo no consumidor”. Não por acaso, sua empresa está avaliada em US$ 1 trilhão.

No Brasil, um dos cases mais emblemáticos é o Magazine Luiza. A varejista digitalizou toda sua cadeia de lojas, que passaram a operar também como pontos de distribuição, indo ao encontro do chamado omnichannel, que é a integração dos canais físicos e online. A cereja do bolo foi digitalizar a comunicação entre vendedores e consumidores, mudando a forma como atendem hoje.

Através do digital, o Magalu oferece novas formas de entrega, pagamento e relacionamento, garantindo assim uma melhor experiência ao cliente, independentemente do canal. A estratégia teve como foco os consumidores recorrentes das lojas para alavancar seu crescimento.

A varejista encerrou 2019 com lucro líquido de R$ 921,8 milhões, alta de 54,3% em relação ao ano anterior. No último relatório, a companhia dirigida por Frederico Trajano afirmou ter levado 43 anos para atingir o primeiro bilhão de reais em faturamento, enquanto que operando digitalmente, o mesmo resultado veio em dez anos.

“O Magazine Luiza vem investindo em tecnologia há anos e, hoje, colhe os frutos positivos da iniciativa”, analisa Patricia Cotti, diretora executiva do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar).

O Magalu, agora, caminha para fortalecer seu ecossistema digital – o terceiro nível citado acima -, integrando novos parceiros e oferecendo mais produtos. “Em apenas três anos, fomos muito além com o marketplace: em 2019, foram R$ 3 bilhões em GMV”, diz o relatório, em referência ao Gross Merchandise Volume, uma métrica que calcula o volume bruto de mercadorias em plataformas digitais.

“O varejo não tem mais como fugir do tema porque o consumidor é digital. Nesse contexto, serviços e novos negócios caminham para o mesmo destino”, opina Patricia.

O setor varejista é o próximo a passar pela digitalização

Atentas à nova era, outras varejistas brasileiras vêm chamando a atenção para o assunto e intensificando sua transformação, caso da RiachueloGPARennerC&A e Polishop. “Esse cenário tem obrigado as marcas a repaginarem suas atuações e a forma como se comunicam, colocando em prática estratégias de relacionamento com esse consumidor moderno”, opina João Appolinário, presidente da Polishop, em entrevista à CWS Insights.

“No varejo não tem sido diferente: é preciso integrar processos e soluções tecnológicas para aumentar a eficiência operacional, trazer inovações e entregar experiências de consumo realmente relevantes”, afirma. Definitivamente, e-commerce é só a ponta do iceberg. E mirá-la pode levar o seu negócio ao fundo do mar.

E você, como define transformação digital?