Em alta no varejo, a modalidade garante entregas mais rápidas, custos logísticos menores e uma melhor experiência para os clientes. Conheça mais sobre ela e a opinião de quem usa em sua operação
O varejo vem se reinventando para melhorar a experiência de compra dos clientes. E um dos pontos que podem fazer a diferença na satisfação do consumidor é a entrega. Em tempos atuais, em que a “briga” para conquistar clientes está cada vez mais acirrada, questões como frete elevado e prazo de envio maior que a concorrência podem desfavorecer – muito – seu negócio.
De acordo com uma análise da empresa Rock Content, 41% dos consumidores abandonam o carrinho pelo alto prazo de entrega; enquanto 25% pagam mais para receber os produtos mais rápido, segundo pesquisa da CNDL em parceria com a SPC Brasil.
Para que clientes finalizem mais pedidos, é necessário implementar funcionalidades que permitam diferentes formas de acessá-los e de servi-los. O Ship from Store (enviar da loja, em português) é uma dessas modalidades que vem contribuindo positivamente com o setor varejista, uma vez que atende o consumidor mais rapidamente ao utilizar estoques de lojas próximas a ele. Com isso, a taxa do frete também é reduzida.
Isso ocorre por meio da integração de diferentes estoques em uma plataforma marketplace – seja ela B2B (business to business) ou B2C (business to consumer) -, modelo que integra múltiplas lojas, formando uma grande teia de centros de distribuição.
Entre as vantagens, para a empresa que adota a funcionalidade Ship from Store, destacam-se a celeridade em seu processo de entrega e, portanto, uma maior eficiência dos custos logísticos, bem como a integração de suas lojas em toda a cadeia, sem que haja o canibalismo por vezes existente entre o físico e o digital, pela falta de estruturação das operações.
O Ship from Store integra múltiplas lojas em uma plataforma, formando uma grande teia de centros de distribuição
Para Alberto Serrentino, fundador da Verese Retail, a funcionalidade é muito relevante no mercado, porque está provado que um dos grandes desafios do e-commerce de escalar negócios de forma digital sustentável e lucrativa é a complexidade e o custo da logística.
“Quem tem varejo físico e tem capilaridade descobriu que é mais rápido, mais eficaz e, muitas vezes, mais barato fazer o produto sair de uma loja para a casa do cliente do que de um centro de distribuição para a casa do cliente”, afirma.
Além disso, o Ship from Store evita a competição entre lojas, vendedores e o próprio projeto digital, uma vez que toda a operação estará integrada na plataforma. A maior conectividade entre os canais de venda ajuda ainda a engajar as lojas da marca no uso de ferramentas digitais, contribuindo diretamente na oferta de uma experiência digital unificada para os clientes. Como consequência, aumenta o nível de serviços de entrega e atendimento, melhorando a adesão de consumidores e funcionários.
“Atualmente, é necessário pensar em arquiteturas mais integradas. Quando você pensa em jornada de compra, ela já não tem mais essa separação entre o mundo físico e o digital, uma vez que os consumidores navegam entre canais, plataformas e outras ferramentas o tempo todo”, diz Serrentino.
Do ponto de vista de quem usa
A Lavoro, conhecida no comércio de sementes, defensivos e fertilizantes, acaba de estrear no cenário digital através de uma plataforma desenvolvida pela CWS, que conecta estoques de varejistas em diferentes regiões do País.
O Ship from Store já está em operação em seu marketplace e tem sido usado como uma importante estratégia para vender cada vez mais neste novo ambiente. De acordo com Henry Koibuchi Sakane, Digital Officer da Lavoro, a funcionalidade vem ao encontro das expectativas da empresa no digital.
“Buscamos potencializar a relação de confiança entre nosso cliente e o lojista. O Ship from Store tem proporcionado isso, pois conseguimos oferecer prazo de entrega e custo menores, enviando o produto pela loja mais próxima”, garante. “Além disso, conseguimos aumentar as vendas e proporcionar a comodidade de continuar sendo atendido por sua loja favorita, otimizando os custos operacionais dos varejos já existentes.”
Segundo o executivo, desde que estrearam no digital, há pouco mais de três meses, a funcionalidade tem sido a grande aliada das vendas. “Já estamos próximos dos R$ 10 milhões em vendas pelo canal, sendo praticamente todas impulsionadas pelo Ship from Store”, complementa Sakane.
Outro ponto favorecido pelo Ship from Store diz respeito à fidelização de clientes. Os consumidores, de acordo com ele, são fidelizados através de bom atendimento, boa negociação e boa experiência de compra, fatores potencializados com a funcionalidade. “Eles continuam sendo atendidos pelo consultor com quem estão acostumados, enquanto as negociações continuam sendo feitas, agora de maneira digital, e a experiência de compra é aumentada, trazendo novas maneiras de o cliente ser atendido.”
Saiba Mais
Para Patricia Cotti, professora do Programa de Varejo da FIA, a modalidade não tem desvantagens, no entanto, é preciso se atentar às questões operacionais. “O principal desafio está na previsão correta de demanda e custo do last-mile e a gestão de dados integrada para que não haja rupturas em loja”, analisa.
No dia a dia da operação, a Lavoro tem prestado atenção nisso. “Há, de fato, um aumento na complexidade do planejamento de demanda de produtos por loja. Não é exatamente uma desvantagem, mas se esse planejamento não for bem feito, as vendas pelo site podem gerar um aumento no índice de ruptura de estoque na loja”, acrescenta Sakane.
Maior rotatividade nas oficinas – e nos estoques das lojas físicas
O grupo Rodobens, igualmente, tem colhido os frutos do Ship from Store em sua plataforma CWS. Para a companhia, a funcionalidade tem sido fundamental para a venda de peças no ambiente digital.
“Quando um cliente compra um produto é porque, geralmente, está com seu veículo parado ou prestes a fazer uma manutenção programada. Diante disso, ele quer agilidade na entrega das peças. Portanto, o conceito foi uma maneira que encontramos de levar ao cliente as compras digitais de um modo ágil e atendendo às expectativas de entrega e distribuição dos produtos”, comenta Marcos Adam, Chief Digital Business Officer da Rodobens.
Segundo ele, a funcionalidade ganha força quando se mostra como um fator crucial na otimização de tempo e, também, como instrumento para atingir mais regiões no País.
“A principal vantagem até agora, devido ao nosso momento de projeto, é a possibilidade de atuar em diferentes pontos do Brasil, utilizando da estrutura da própria empresa, sem a necessidade de investimento em centros de distribuição. Além disso, acreditamos que as vendas online trarão uma melhor rotatividade nos estoques dos pontos físicos e gerarão demanda para peças que naquela região apresentam baixa rotatividade”, acrescenta Adam.