O mundo assiste a uma transformação sem precedentes no mercado digital, impulsionada pela crise dos últimos meses, em que novos hábitos e adaptações fincaram raízes de vez na vida das pessoas. Novos negócios e produtos surgiram, enquanto empresas tradicionais tiveram que implementar novas estratégias e remodelar seus negócios para atender os clientes.
Com a alta demanda por projetos digitais, os distribuidores de tecnologia no País estimam faturar R$ 28 bilhões este ano, configurando um avanço de 13,4% sobre o faturamento de 2020, segundo dados da 10ª Edição do Estudo Setorial sobre o Mercado de Distribuição de TIC e do Censo das Revendas, realizado pela IT Data.
Para Marcelo Ciasca, CEO da Stefanini Brasil, que opera nos segmentos de software e consultoria, a alta é um reflexo dos novos modelos de negócios, que vêm surgindo e se reestruturando de acordo com as necessidades do “novo normal”.
“Certamente, a principal motivação para os investimentos de uma empresa, neste momento, é o de acelerar a transformação digital em seu core business. Mais do que isso, é o de impor um ritmo mais focado em seu modelo de negócio. Vivemos atualmente uma aceleração de vários projetos que estavam para acontecer nos próximos anos”, diz o executivo.
Leia a entrevista com Marcelo Ciasca:
Marcelo Ciasca: Existe uma competitividade acirrada na indústria de serviços de TI, mas ainda há espaço a serem ocupados, tanto no Brasil como em outros países. O mercado global, que é dominado por países como a Índia, está passando por mudanças. Acredito que há uma chance para que o Brasil ocupe parte do espaço da Índia no setor de serviços de tecnologia, mas faltam investimentos no setor.
É preciso que sejam criadas políticas públicas para o desenvolvimento de talentos para a economia digital, investimento em idiomas, entre outros fatores importantes. Na minha opinião, o Brasil precisa avançar nesse sentido.
Marcelo Ciasca: É um movimento promissor não pelo uso da tecnologia em si, mas pelos modelos de negócios que vêm se estruturando de acordo com as necessidades dos segmentos. O mercado financeiro, por exemplo, tem sido bastante desafiado e respondido bem às demandas atuais. Assim também no setor de manufatura, com o crescimento das áreas de finanças, indústria 4.0, varejo, saúde, educação, cibersegurança, entre outras.
Marcelo Ciasca: Certamente, a principal motivação para os investimentos de uma empresa, neste momento, é o de acelerar a transformação digital em seu core business. Mais do que isso, é o de impor um ritmo mais focado em seu modelo de negócio. Para tanto, é preciso definir, com antecedência, projetos que possam, de fato, transformar sua atuação no mercado. Vivemos atualmente uma aceleração de vários projetos que estavam para acontecer nos próximos anos.
Marcelo Ciasca: Acredito que a pandemia provocou um movimento intenso no e-commerce brasileiro, que teve que se reestruturar rapidamente para atender melhor. A maioria das empresas está mais bem preparada e sabendo lidar com este cenário atual.
O varejo, por exemplo, respondeu com a agilidade necessária, está com seus e-commerces mais adequados, com sua logística fortalecida para atuar nesse outro momento que a economia passa, com um impacto menor aos negócios de maneira geral. Vemos uma reação de grandes cadeias de suprimentos buscando melhorar cada vez mais a experiência de seus clientes.
Marcelo Ciasca: Há um leque de tecnologias que são usadas para implementar os negócios. No entanto, eu acredito que a revolução está na liderança das empresas, na mudança de mindset para promover a transformação desejada, realizar um trabalho integrado e diferenciado. É importante que a liderança promova o engajamento de suas equipes.
Para acompanhar a transformação digital, não basta participar, é necessário engajar os profissionais e prepará-los para que desempenhem novas funções no curto e médio prazos. A era digital chegou e cobra de todos um novo posicionamento: mais inovação, agilidade e menos resistência às mudanças.
Na era digital, é fundamental transcender essa visão, mostrando na prática como o novo é imprescindível para avançar em outros processos e trazer resultados efetivos.
Marcelo Ciasca: O potencial da Inteligência Artificial é extremamente significativo e não dá para ignorar o seu crescimento, que, segundo a consultoria Gartner, deve gerar este ano quase US$ 3 trilhões de valor para os negócios e 6,2 bilhões de horas de produtividade em todo o mundo.
Para alguns especialistas, as plataformas de inteligência cognitiva são vistas como símbolo de esperança para solucionar questões mais complexas nas áreas de educação e saúde.
É difícil pensar em um setor que não vá demandar funcionalidades da IA para gerir dados que possam ser utilizados de maneira estratégica na tomada de decisões. Certamente, a IA impactará as pessoas e os negócios nos próximos anos.
No Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, no início deste ano, tivemos a oportunidade de participar do lançamento do relatório The Global Talent Competitiveness Index 2020 (GTCI), do INSEAD, com um artigo de autoria de nosso CEO global e fundador do Grupo Stefanini, Marco Stefanini, que abordou o talento global na era da Inteligência Artificial.
Os dados do estudo apontam que a IA representa uma oportunidade real para ajudar várias regiões a iniciar um novo ciclo de crescimento e eficiência. A América Latina, por exemplo, tem potencial para se tornar um hub de talentos em Inteligência Artificial e soluções digitais nos próximos anos.
Marcelo Ciasca: O setor financeiro é, sem dúvida, o que tem tido uma evolução constante no processo de digitalização e de transformação digital. Os grandes bancos têm isso como fator primordial, mas temos as fintechs que já chegam 100% digitais e disputam esse mercado que está muito aquecido.
Nós, do Grupo Stefanini, temos investido bastante nesse importante segmento, por meio de uma de nossas empresas, a Topaz, especialista em soluções para o mercado financeiro, que conta com um core bancário completo e soluções digitais para agregar eficiência e segurança aos negócios dos nossos clientes.
Recentemente, a Topaz adquiriu 60% do Grupo CRK, desenvolvedora brasileira de soluções financeiras, que tem mais de 100 instituições financeiras em sua base de clientes ativos.
Com isso, a Topaz fortalece ainda mais sua plataforma, que oferece soluções de ponta a ponta para a jornada financeira e reforça a nossa atuação como uma robusta plataforma full-banking. Essas soluções trarão diferenciais competitivos em um momento de grande transformação do setor financeiro com a implementação do PIX, Open Banking e Open Finance.
Marcelo Ciasca: Além do setor financeiro, há espaços crescentes para os segmentos de varejo, educação, saúde, marketing digital, cibersegurança, por conta das características de cada um deles, que têm oportunidades abertas e bastante promissoras devido às necessidades dos consumidores.
Marcelo Ciasca: Antes da pandemia, já havia um movimento claro e em curso há alguns anos do processo de digitalização no Brasil, e o momento crucial imposto pela pandemia provocou uma aceleração da transformação digital em vários níveis dos negócios. Muitas empresas tiveram que, da noite para o dia, colocar suas operações em home office, e isso gerou toda uma readequação em seus modelos de negócios. Era uma questão de sobrevivência para muitos setores.
Marcelo Ciasca: Continuamos com planos de crescimento ainda mais sólidos para os próximos anos, com foco em aquisições para enriquecer nosso portfólio de soluções digitais e no fortalecimento de nossa atuação global.