Em um projeto digital é fundamental investir no modelo mais assertivo para solucionar problemas e melhorar o relacionamento com os clientes. Comparamos as duas estratégias para você escolher a melhor opção para o seu negócio

Diante de dois diferentes modelos de negócio, muitos varejistas que querem surfar a onda das vendas digitais se questionam: afinal, em qual deles devo investir? Para facilitar a compreensão, compartilhamos nossa visão sobre cada um deles.

O conceito de e-commerce se baseia no modelo de estoque centralizado, ou seja, uma loja ou uma marca que comercializa na internet através de um único ponto de estoque ou centro de distribuição. Um e-commerce pode ser comparado a uma loja de rua, na qual o varejista vende apenas o que tem no estoque naquele momento.

Empresas que adotam o e-commerce, no entanto, nem sempre têm sucesso no digital por conta da restrição de serviços e de produtos. Com a distribuição centralizada, questões como atendimento limitado, altos custos logísticos e portfólio reduzido podem desfavorecer esse modelo. Além disso, pelo fato de contar com apenas um ponto de estoque, o prazo de envio pode ser maior em relação à concorrência.

Até 2010, e-commerce era visto como uma inovação para as empresas. Porém, hoje se deve investir em algo maior, que de fato solucione problemas logísticos, financeiros e de atendimento, para fortalecer o relacionamento entre a empresa e o cliente. Colocar o cliente no centro da estratégia é, sem dúvida, a receita para ter sucesso no mercado atualmente.

Como e-commerce integra apenas um ponto de estoque, quem opta por esse modelo pode, ainda, competir com seus outros canais de venda, caso o negócio tenha mais de uma loja física em operação. O ponto alto, entretanto, é em relação ao custo, que tende a ser menor em comparação a um projeto que envolve marketplace.

O lado do markeplace

Já a nossa visão de marketplace envolve múltiplos estoques, que podem ser de uma única empresa, caso tenha uma rede de lojas, e/ou de parceiros, formando uma grande vitrine virtual. Esse modelo oferece mais possibilidades de negócios, já que, ao integrar estoques, reúne pontos de distribuição espalhados por diferentes regiões do país, garantindo uma logística mais inteligente, modalidades de entrega mais eficientes (Ship from Store e Click and Collect), meios de pagamento integrados, maior sortimento de produtos, fortalecimento dos canais através de estoques compartilhados e, como consequência, fidelização de clientes.

Apesar de ser um modelo que exige mais investimentos para a empresa em comparação ao e-commerce, os resultados tendem a ser muito mais positivos. Vale lembrar que desde que a Magazine Luiza expandiu seu modelo de operação para marketplace, em 2016, seu valor de mercado cresceu mais de 40.000%.

Entre 2016 e 2021, as ações da Magazine Luiza tiveram valorização de 48.000%. Fonte: Yahoo Finance

Outro ponto que chama a atenção é a fatia dos marketplaces dentro do mercado digital. De acordo com a 42ª edição do relatório WebShoppers, realizado pela E-bit Nielsenvarejistas que são marketplace tiveram participação de 78% no faturamento total do comércio virtual em 2020, mostrando a força desse modelo no mercado brasileiro.

A 43ª edição da E-bit Nielsen, que refere-se à última análise da consultoria sobre o mercado digital, apontou que o ano anterior consagrou as vendas virtuais no Brasil: R$ 87 bilhões foram gastos no comércio eletrônico em 2020, número impulsionado, sobretudo, pela pandemia e isolamento social, o que levou 13 milhões de novos compradores à internet.

Independentemente da estrutura que escolher para o seu negócio, é preciso investir em outras estratégias digitais para melhorar – cada vez mais – seu relacionamento com o cliente. Lembre-se que e-commerce e marketplace são apenas ferramentas dentro de um projeto de transformação digital.

“A digitalização se tornou essencial nos negócios, pois não há outra forma de se relacionar com os clientes atualmente que não seja através de uma plataforma. As empresas que investiram nos últimos anos em transformação digital serão as grandes beneficiadas, pois já oferecem soluções de tecnologia mais maduras, com interfaces interessantes e uma UX (experiência do usuário) que atrai o cliente”, afirma Roberto Kanter, professor dos MBAs da Fundação Getúlio Vargas.