Com o crescimento de projetos digitais, empresas têm criado novas áreas com o intuito de desenvolver competências em um cenário cada vez mais desafiador. Veja quais são as posições que prometem ter destaque nos próximos anos
Está cada vez mais comum nos depararmos com novas posições que, muitas vezes, não sabemos ao certo sua função. Em ascensão em empresas digitais, nomes como CXO, CDO, CTO e CMO têm invadido redes profissionais como LinkedIn.
São novas áreas que chegam para redefinir o papel de figuras importantes por trás de grandes projetos digitais. Hoje, equipes de marketing ou de TI, por exemplo, não navegam mais sozinhas rumo à digitalização: têm seus próprios comandantes para desbravarem os novos “mares digitais”.
Os recém-chegados “Cs” vieram para otimizar e ajudar no desenvolvimento de novas competências. A mudança reflete a busca incansável das empresas pela tão almejada transformação digital, que vem para reinventar as experiências apresentadas aos clientes, e, é claro, estancar perdas, sobretudo, no atual cenário mundial.
Um estudo do MIT e da Capgemini Consulting revela que empresas que não são maduras digitalmente podem ter perdas de 24% em seus lucros.
“Esta transformação digital não é apenas a inserção de tecnologia pela tecnologia. Ela passa por uma alteração profunda no mindset de seus colaboradores para que eles possam enxergar a tecnologia como grande aliada para soluções de problemas. A tecnologia deve ser um atalho”, diz o professor Wagner Sanchez, pró-reitor do Centro Universitário FIAP.
De acordo com ele, as revoluções industriais levaram várias décadas para se espalharem, mas as inovações disruptivas tecnológicas que presenciamos atualmente invadem nosso cotidiano de forma rápida, silenciosa e transformadora.
“Os gestores precisam se atentar para o fato de que, atualmente, o acompanhamento das mudanças do mercado precisa ser em tempo real, caso contrário suas empresas poderão perder competitividade”, alerta.
Nesse cenário, no qual há uma competição cada vez mais acirrada pela digitalização, surgem novas posições com o tal “mindset digital”. Entre elas, destacam-se CXO (Chief Experience Officer), CDO (Chief Data Officer), CTO (Chief Technology Officer) e CMO (Chief Marketing Officer).
CXO (Chief Experience Officer)
Profissional responsável por “encantar” os clientes quando estes entram em contato de alguma forma com a empresa. Podemos definir “experiência” como a coleção de emoções e sensações que o cliente sente ao se relacionar com a marca. “O CXO deve garantir que todos os contatos entre empresa e cliente sejam inesquecíveis”, resume Sanchez.
CDO (Chief Data Officer)
Profissional altamente necessário no contexto atual. É o responsável por coordenar todo o processo de obtenção, armazenamento, processamento, análise, limpeza e exclusão dos dados. E, com o avanço da tecnologia, as empresas estão manipulando os dados de seus clientes a todo instante. Além disso, essa missão se tornou ainda mais crítica com a implantação da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).
CTO (Chief Technology Officer)
Podemos afirmar que o head é uma referência, um inspirador de tecnologia dentro das empresas. O que era antes o conhecido CPD – Centro de Processamento de Dados – passou a ser uma diretoria com alto poder de decisão nas escolhas estratégicas da empresa.
“O CTO pode até assumir a vice-presidência da organização pela forte atuação nas definições das estratégias corporativas. Não podemos nos esquecer que o CTO também é o responsável por inspirar os colaboradores para que encarem a tecnologia como aliada e não como adversária”, analisa o professor da FIAP.
CMO (Chief Marketing Officer)
Trata-se do diretor de marketing, que tem como função a gestão de estratégias, campanhas e ações de uma empresa. Não à toa, está diretamente envolvido em projetos digitais – seja com ideias baseadas no mercado de atuação, seja com ações para divulgar o projeto.
Além disso, o CMO é responsável pela análise de mercado, checar o que a concorrência está fazendo e criar estratégias para o crescimento da empresa. Em tempo digital, no qual a inovação é a palavra de ordem, este é um profissional de suma importância para os negócios.
Segundo o professor Wagner Sanchez, a relação de todos esses profissionais com o CMO é bastante estreita, visto que o marketing foi uma das primeiras áreas a se transformar digitalmente. “O marketing aprendeu a duras penas que não podia lutar contra a digitalização e hoje colhe os frutos. Enquanto isso, outras áreas estão iniciando a jornada da transformação digital e podem aprender com as equipes de marketing”, opina.
O segredo é trabalhar em harmonia
Agora, todas as áreas precisam estar coesas para que as transformações aconteçam dentro das organizações – e para que projetos digitais atinjam todo seu potencial.
Hoje, o papel dos líderes é inspirar as funções entre as áreas em prol da busca pela transformação digital. O ritmo das transformações é tão veloz que a capacidade de mudar se tornou uma vantagem competitiva para as empresas.
“A capacidade de mudança necessita estar atrelada à capacidade de aprender e, nesse sentido, as organizações precisam aprender rapidamente sobre as tendências que impactam seus consumidores, a concorrência, seus clientes e fornecedores. Ouvir o feedback do ecossistema é muito importante para os negócios”, pontua Sanchez.
Para ele, o mundo corporativo está cada vez mais dinâmico e competitivo, inserido na chamada quarta revolução industrial que propõe novos modelos de empresas, pautadas na conectividade e mobilidade das pessoas, obrigando as companhias a buscarem soluções que tragam valores e façam com que elas se tornem mais sólidas e competitivas.
“Inovar para não desaparecer pode soar um pouco radical. Mas, no atual contexto corporativo, é totalmente factível. Inclusive, é uma grande sugestão para ser incorporada no DNA das organizações, sendo assim absorvida por todos os colaboradores”, afirma.
Os novos “Cs” compartilham mais do que a mesma letra inicial da posição ocupada: compartilham o espírito de inovação – o verdadeiro responsável por não deixar suas empresas desaparecerem.