Em entrevista ao Insights TV, o presidente executivo da Associação Brasileira dos Concessionários Scania comenta sobre as novas tecnologias no setor e a importância dos dados para melhorar a experiência dos clientes
Luiz Carlos Taoni, presidente executivo da Associação Brasileira dos Concessionários Scania (Assobrasc), foi convidado para participar de um bate-papo para o Insights TV sobre o mercado brasileiro de caminhões. Na entrevista, o executivo analisou o setor e, principalmente, os benefícios da tecnologia.
Para ele, no atual contexto, o setor de caminhões vive um cenário positivo. “Temos marcas da pandemia, guerra e taxas de juros que voltaram a crescer. Quando colocamos tudo isso na base de análise do mercado, podemos entender que ele vai bem, sim. Em outras épocas, a conjunção desses fatores poderia afetar muito o setor, mas continuamos com bom volume, praticando preços razoáveis e uma demanda bastante consistente”, comenta.
De fato, o mercado brasileiro de caminhões vive um bom momento. Em 2021, encerrou o ano com crescimento de 42,82% no volume de licenciamentos, de acordo com a Fenabrave.
“Nós tivemos uma taxa básica de juros bastante elevada. A taxa de juros é essencial para o mercado de veículos, principalmente, veículos pesados. O investimento é bastante substancial nesse mercado, porém existe um fator que é ainda mais determinante: o PIB. É ele que impulsiona o transporte de carga”, analisa Taoni. “Não estamos no melhor ano da história. Já chegamos a vender quase 20 mil unidades na Scania por ano; este ano, devemos fechar em 13 mil unidades. Mas, ao que tudo indica, o mercado vem se recuperando”.
Vendas digitais e tecnologia
Com a mudança de hábito dos brasileiros, que passaram a comprar mais por canais digitais, o e-commerce passou a ser um grande gerador de carga. Para Taoni, os consumidores esperam que os produtos e serviços cheguem até eles, e, nesse contexto, o digital tem beneficiado a indústria como um todo.

“Hoje, vemos em grandes centros urbanos, muitos entregadores com bike, mas eles estão fazendo a última pontinha. O caminhão teve que trazer o hambúrguer, o pão e todos os insumos. O digital movimenta a economia como um todo”, acrescenta.
Outro ponto de destaque da tecnologia são os dados. Através deles, as empresas têm o ouro nas mãos. No mercado de caminhões, eles têm sido usados para prover soluções integradas e melhorar as tecnologias embarcadas.
“O caminhão já comunica o defeito que ele vai apresentar e gera a ordem de serviço. Por isso, se o mecânico atual não souber operar um sistema, ele não consegue fazer o diagnóstico correto do veículo. Saber operar esses dados é que vai garantir que o concessionário esteja no novo mercado”, afirma o executivo.
Na gestão de estoques, a digitalização também tem atuado para prever pedidos. O comprador de peças que tinha de recorrer a formulários impressos a todo o momento e, ainda, fazer uma espécie de exercício de “adivinhação” sobre o que comprar, agora, conta a ajuda de algoritmos, que têm informações cruciais sobre uma determinada peça ou produto.
“Atualmente, temos 98% de eficiência na gestão do estoque, porque usamos dados. Não estamos eliminando o ser humano, mas complementando, dando mais ferramentas para ele ser mais eficiente”, diz. “O profissional que ainda resiste à tecnologia, infelizmente, tem os dias contados. E o concessionário que for nessa linha, também.”
Relacionamento mais digitalizado
Em todos os segmentos, o relacionamento entre empresas e clientes tem sido mais digital. O mesmo deve ocorrer no setor de caminhões. Luiz Carlos Taoni prevê mais comunicação por meios digitais e uma integração de sistemas, como estoques, serviços e atendimento, mas sem excluir a pessoa física.
O desafio do mercado, segundo ele, é tirar todo o proveito da tecnologia ampliando o relacionamento entre o cliente e o vendedor.
“Aquele consultor que conseguir explorar os dados e se antecipar às necessidades do consumidor, certamente será impactado de maneira muito positiva com o digital. A digitalização de processos, inclusive de vendas, vai trazer muitos benefícios. Ser disruptivo, para nós, não é apenas descobrir algo novo, mas é também melhorar substancialmente algo que já existe”, afirma.
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