A segunda maior rede de artigos esportivos do Brasil anuncia o lançamento de seu marketplace e revela os planos para crescer no País

Em um ano difícil para o varejo, já que muitas lojas tiveram de fechar suas portas temporariamente, o comércio eletrônico foi o único meio de vendas viável para muitas marcas, incluindo empresas já consolidadas no mercado.

A Decathlon não fugiu à regra e encontrou, no digital, um novo canal de vendas e de relacionamento com seus clientes. A companhia francesa, que no Brasil é a segunda maior rede do segmento esportivo, com 42 lojas – atrás apenas da Centauro, com 211 unidades -, já planejava um marketplace próprio antes da crise do coronavírus.

“Com a chegada da pandemia ficou latente a necessidade da digitalização”, afirma Cédric Burel, CEO da Decathlon Brasil, à CWS Insights. “Todo o varejo sofreu, de uma forma ou de outra, com o fechamento de lojas, mas as vendas do digital equilibraram tais perdas e nos deram a certeza de que estávamos no caminho certo em apostar cada vez mais na omnicanalidade”, diz ele, sem revelar números.

Este novo momento fez com que a companhia olhasse de outra forma para sua operação. Em julho passado, lançou um aplicativo como mais um dos canais de venda dos produtos, com o objetivo de aprimorar a experiência de compra de seus clientes.

A adesão ao digital foi impulsionada pelo sucesso do uso do WhatsApp nas vendas, que foi a grande vitrine da companhia durante a pandemia. E, mesmo com a volta das lojas físicas, o aplicativo de mensagens continuou surpreendendo.

“De abril até junho deste ano, mais de 45 mil atendimentos foram realizados pelo WhatsApp, que se estabeleceu como nova forma de atendimento ao esportista”, afirma o executivo.  

Cédric Burel, CEO da Decathlon Brasil: “As vendas digitais equilibraram as perdas e nos deram a certeza de que estávamos no caminho certo”. Foto: divulgação

Para ele, isso é uma prova de que consumidor está mais aderente às compras virtuais. “É um caminho sem volta”, diz. “O conceito de experimentação, distribuição das modalidades esportivas e atendimento de esportista para esportista das lojas Decathlon, faz com que o PDV físico seja fundamental para o negócio, mas que hoje caminha neste processo de omnicanalidade: compras via WhatsApp, recente lançamento do app e marketplace próprio”, diz Burel.

Para Roberto Kanter, professor dos MBAs da Fundação Getúlio Vargas e diretor da consultoria Canal Vertical, o momento atual pede a atuação em diferentes formatos e, portanto, a Decathlon dá um passo importante em sua trajetória no Brasil. “O avanço de ambos os modelos – físico e digital – atuando concomitantemente ressalta a importância do conceito phygital”, afirma.

Marketplace e aluguel de produtos

O marketplace vem para suprir outras necessidades dos clientes e aumentar o leque de produtos e equipamentos comercializados.

Para isso, parceiros do segmento esportivo estarão presentes no portal. Questionado se pretende ser o “Magalu dos esportistas”, o executivo desconversa, mas deixa no ar a ambição de conquistar clientes de diferentes modalidades esportivas. 

“Nosso foco sempre será no esporte e na saúde. Consolidamos esse posicionamento através dessas parcerias. Vamos iniciar com fitness, corrida, ciclismo e suplementos, mas rapidamente abriremos para todos os esportes”, comenta o CEO.

E, além de encontrar uma maior diversidade de itens, através do marketplace o cliente da Decathlon poderá ter acesso a produtos de segunda mão e ao aluguel de itens com a possibilidade de compra no modelo leasing. A estratégia inclui ampliar a participação da frente de seguros, iniciada em novembro do ano passado.

Todas essas ações vêm como forma de celebrar os 20 anos da marca no Brasil. “Todo o investimento de abertura de lojas, transformação digital, marketplace, novo centro de distribuição, sem mencionar as melhorias internas em cultura e colaboradores – que no Brasil são 2 mil – apontam para a relevância do mercado brasileiro para nossos negócios. E acreditamos que ainda há muito a crescer no país”, afirma Burel.

Apoio à digitalização de negócios e expansão geográfica

O executivo ressalta que todas essas mudanças em relação ao digital vêm com o objetivo de cumprir a missão de tornar o prazer e os benefícios do esporte acessíveis ao maior número de pessoas.

“Além disso, como a maior varejista de esporte do mundo, queremos auxiliar lojas físicas menores a se digitalizarem também. Já somos referência em tecnologia para produtos, variedade e bom custo-benefício e queremos conosco marcas que tenham as mesmas prerrogativas de qualidade para o esportista”, comenta.

As ações relacionadas à digitalização da Decathlon no Brasil serão implementadas ao longo do segundo semestre. Aliado a elas está o plano de expansão geográfica através das lojas físicas. Mais duas estão previstas até dezembro de 2021.

Com presença consolidada nas regiões Sul e Sudeste, o plano é reforçar a atuação com novas lojas e entrar no Norte e Nordeste, com inaugurações em Manaus, Fortaleza, Recife e Salvador.

“Nossa meta é abrir cerca de oito lojas por ano e alcançar, nos próximos três anos, 80 lojas no País”, afirma o CEO. Pelo fôlego da companhia, sua principal concorrente terá que suar a camisa para manter sua posição.