Na série especial para o mercado agro, Fernando Degobbi, diretor presidente da empresa, comenta sobre as “dores” do campo e os três momentos fundamentais da digitalização
Há 45 anos, nascia na cidade de Bebedouro, em São Paulo, uma das cooperativas mais tradicionais do País: a Coopercitrus. Atendendo, atualmente, 38 mil cooperados, 80% deles são produtores de pequena e média escala, que encontram todos os tipos de insumos relacionados ao campo. Mas, mais do que isso, eles têm encontrado, na Coopercitrus, um apoio para conhecer e implementar novas soluções no dia a dia.
“Afinal, cooperativa faz ainda mais sentido quando atende produtores de menor escala e ajuda a impulsionar negócios”, diz Fernando Degobbi, diretor presidente da Coopercitrus, em entrevista ao Insights TV. “Temos atuado para ajudar na adoção de novas ferramentas e incentivar a inovação.”
Degobbi atua no mercado há três décadas e tem acompanhado, a fundo, as mudanças no setor provenientes do digital e das novas tecnologias. Entusiasta de soluções e inovação, o executivo acredita que para atender aos anseios dos produtores e, sobretudo, solucionar suas “dores”, é preciso estar perto deles, ou seja, do lado de dentro da porteira.
“Só sentir a dor é sofrer junto. Precisamos entender e trazer uma solução real. Hoje, temos mais de 500 profissionais presentes no campo para entender os problemas do produtor rural”, diz.
Os três momentos da digitalização
O executivo acredita que, para prover soluções verdadeiras, é preciso separar a digitalização em três momentos: no primeiro, entender o problema e sentir a dor; no segundo, encaixar a melhor solução de acordo com aquele problema, agregando valor ao cliente; e, por fim, o impacto e os resultados gerados com a solução. “Se essa equação se equilibrar, o projeto está pronto para avançar”, afirma.
De acordo com Degobbi, há várias empresas que não conseguem posicionar seus produtos no mercado justamente pela falta de uma solução completa e integrada.
“Ao criar um ecossistema, integrando diferentes produtos e serviços, há essa entrega de valor para o cliente. Hoje, vemos diversas empresas que conseguiram crescer e viabilizar uma solução ou produto por fazer parte de algo maior”, diz.
Segundo o executivo, a ideia de integrar diferentes serviços e parcerias em um mesmo ecossistema vem na esteira do atual slogan da Coopercitrus, que é “crescer como um todo”.
“Os três momentos representam as estratégias para crescer como um todo. Queremos que nossos cooperados cresçam com um todo e deixem legado. É o nosso desafio atual.”
Agro mais digital
Ao focar em soluções e ferramentas digitais, a Coopercitrus caminha na mesma direção dos novos hábitos de consumo e de relacionamento no campo.
A pesquisa Agricultura Digital no Brasil, realizada pela Embrapa, Sebrae e Inpe, revelou que 40% dos produtores rurais já utilizam a internet como meio de compra de insumos e de venda.
“As ferramentas digitais vão ajudar cada vez mais o produtor em questões como compra, relacionamento e financiamento”, diz Degobbi. “Gostaria, inclusive, que mais empresas e startups tivessem sucesso com suas soluções no agro”, comenta.
Em 2019, em um evento de inovação em Tel Aviv, em Israel, um número chamou a atenção do executivo. Naquele ano, o país tinha 6,5 mil startups e o índice de sucesso estava em 3.6%. Três anos antes, o índice era 7.5%. A razão? Muitas propostas boas, mas no timing errado.

“Por isso é importante sentir as dores de fato, conversar com as empresas e empreendedores para criar ações que solucionem o problema e gerem valor. E no tempo certo”, acrescenta.
Tecnologia no maquinário agrícola
No encerramento do bate-papo, Degobbi ainda comentou sobre as novas tecnologias nas máquinas e opinou que o 5G não representa o fim dos problemas no campo.
“Para a grande maioria dos meus cooperados, o principal problema não é o 5G, já que, se ele tiver um sinal de internet, já é suficiente. A grande maioria deles não tem orçamento para comprar um trator de US$ 150 mil, com todas as tecnologias embarcadas. Eu vejo que, muitas vezes, até grandes grupos não usam a tecnologia embarcada, que pode representar até 40% do valor do equipamento”, comenta.
Pra ele, a principal questão que precisa ser tratada, com urgência, está relacionada ao solo, como perfil, correção e projetos que visam sua conservação. “Temos muitas áreas degradadas no Brasil, muitas com erosão e subaproveitadas. Com as tecnologias adequadas, é possível olhar para esse problema. É preciso, antes, fortalecer o alicerce para poder crescer”, ressalta.
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