Um dos principais cases de sucesso tratando-se de transformação digital no varejo brasileiro, a companhia se alia à Housi na chamada economia compartilhada. Vinícius Porto, diretor de Customer Experience do Magalu, explica a nova frente de negócios

Principal ecossistema varejista do Brasil, o Magalu vem servindo de inspiração para muitas empresas brasileiras que miram à transformação digital. Anos antes do “boom” das plataformas de marketplace, a companhia de Luiza Helena Trajano já dava seus primeiros passos no mundo digital, numa tentativa – muito bem-sucedida – de juntar a operação física com a online.

Sua disrupção digital abriu caminhos para novas frentes de negócios e aquisições de outras marcas consagradas na internet, como Netshoes, Época Cosméticos e Estante Virtual. Além delas, o Magalu comprou a empresa de calçados Shoestock, adaptando sua operação para o modelo 100% digital.

Atualmente, o ecossistema do Magalu compreende 1,4 mil lojas físicas, 160 mil vendedores no marketplace e 45 milhões de usuários no aplicativo. Dona de uma receita bruta de R$ 42,9 bilhões em 2021, o entusiasmo digital se estende, agora, a uma parceria com a plataforma Housi, pioneira mundial no serviço de moradia flexível digital.

A Housi, que integra os negócios da construtora Vitacon, visa oferecer mais liberdade e menos burocracia aos usuários, por meio da moradia como serviço. Todo o processo de locação de um imóvel é feito pela plataforma, que propicia a chamada economia compartilhada.

De acordo com projeção da consultoria PwC, até 2025, a economia compartilhada movimentará US$ 335 bilhões no mundo.

Como forma de oferecer uma experiência mais “pessoal” aos moradores, o Magalu entra como serviço na locação de móveis na plataforma da Housi. “A lógica do consumo está mudando e precisamos acompanhar as tendências, entregar o que o cliente realmente precisa em diferentes formatos além do tradicional”, diz Vinícius Porto, diretor de Customer Experience do Magalu. “Precisamos vender solução e conveniência, não somente produtos”.

Leia a entrevista completa com Vinícius Porto:

CWS Insights: A trajetória do Magazine Luiza é marcada pela disrupção digital no setor varejista. E, agora, como forma de continuar inovando, também aposta na chamada economia compartilhada. Pode explicar um pouco mais sobre essa iniciativa?

Vinícius Porto: A lógica do consumo está mudando e precisamos acompanhar as tendências, entregar o que o cliente realmente precisa em diferentes formatos além do tradicional. Precisamos vender solução e conveniência, não somente produtos. Há produtos que para alguns consumidores podem representar desembolso alto e frequência de uso baixa. Cabe a cada consumidor entender se precisa realmente ter a posse de um item ou somente acessá-lo quando necessário.

Vinícius Porto, do Magalu: “Precisamos vender solução e conveniência, não somente produtos”. Foto: divulgação

Então, com o formato baseado na economia compartilhada, conseguimos sanar uma necessidade pontual do consumidor, que precisa de uma caixa de ferramentas para montar algo ou quer assistir um filme com mais qualidade de som e imagem, por exemplo. Mas, também, podemos criar uma necessidade, apresentando um produto que depois podemos vender. 

CWS Insights: Todo o portfólio do Magalu estará disponível para locação?

Vinícius Porto: Nessa primeira fase do Vaivolta, o serviço oferece mais de 30 produtos para locação nas categorias de áudio, beleza, eletrodomésticos, eletroportáteis, ferramentas, games e informática. Os itens vão de furadeira até caixa de som, passando por cervejeira, aquecedor e airfryer. 

CWS Insights: Haverá um plano de assinatura ou tempo mínimo de permanência com os produtos?

Vinícius Porto: A forma de locação varia de acordo com o produto e seu uso. Alguns oferecem um período de 7, outros de 15 ou 30 dias. Há também a opção de locação recorrente, caso o cliente decida ficar mais tempo com o produto. Nesse caso, a cobrança passa a ser automática mês a mês.

CWS Insights: A princípio, a iniciativa atenderá os moradores da Housi. Pretendem, no entanto, expandir para outros players ou, até mesmo, para o consumidor final?

Vinícius Porto: Inicialmente, lançamos o serviço de locação VaiVolta como um modelo de negócio em fase beta na companhia, ainda fora das plataformas do Magalu, como o site e o superapp. Para o futuro, o serviço pode começar a operar na cidade de São Paulo e expandir para outras localidades. 

CWS Insights: Quais são os grandes desafios dessa operação?

Vinícius Porto: Os desafios estão relacionados à logística e ao estoque, o que torna a operação bastante complexa. Por isso, decidimos lançar o Vaivolta em formato beta, atendendo um número reduzido de clientes e analisando detalhadamente o comportamento do negócio antes de escalar.

Não queremos gerar frustração, muito pelo contrário, queremos que o cliente tenha sempre a melhor experiência de consumo possível.

CWS Insights: Quais são as vantagens para quem aderir ao programa?

Vinícius Porto: Os clientes que utilizam o Vaivolta têm acesso a itens de alta qualidade de forma temporária, sempre que precisar, sem se preocupar com o espaço para guardar o produto. Isso sem falar no preço, que é bastante atrativo.

Além disso, o aluguel de um produto pode servir como teste para que o cliente entenda se ele realmente atende suas necessidades antes de fazer a aquisição.

CWS Insights: Atualmente, os consumidores têm preferido comprar serviços e experiências e não mais o produto em si?

Vinícius Porto: O cliente quer sempre comprar uma boa experiência. Seja ela em um serviço ou em produto. Mas, no cenário atual, os consumidores já demonstram uma forte preferência pelo sustentável, pela economia circular e compartilhada. Temos habitações cada vez menores, com menos espaços para guardar produtos, por exemplo. A necessidade básica é o que vemos predominar. O Vaivolta foi concebido para atender a essa demanda do mercado.