O setor brasileiro de peças, definitivamente, não quer ficar para trás. Fabricantes de itens automotivos e industriais já deram o primeiro passo rumo à digitalização. Para eles, a transformação já começou. E para a sua empresa?

Impulsionar negócios, fortalecer a marca no cenário eletrônico e melhorar a comunicação com consumidores têm sido preocupações constantes da indústria brasileira. Essas questões serviram de trampolim para que fabricantes de itens automotivos e industriais alcançassem um novo patamar no mercado: a transformação digital, enfim, já está inserida no setor de peças.

Companhias de todos os portes, entre elas BoschSKFNakata e MTE-Thomson, já implementaram soluções digitais que têm contribuído com todas as pontas da cadeia. A CWS está por trás da transformação do setor. Nossa plataforma serve como uma espécie de passaporte para a era tecnológica.

“A Bosch possui inúmeras iniciativas digitais em todo o mundo. No Brasil, a divisão Aftermarket escolheu ser parceira da CWS devido ao seu know-how técnico e inovador, orientação ao cliente, flexibilidade para soluções customizadas e, sobretudo, pelo espírito empreendedor e visão de médio e longo prazos”, afirma Raphael Couto, coordenador de trade marketing da divisão Automotive Aftermarket da América Latina da Bosch.

Entre as soluções adotadas pelas companhias, destacam-se a digitalização dos catálogos, que, agora, passam a ser eletrônicos com todos os dados técnicos e de aplicação unificados pelo código da peça; portais exclusivos da marca, que conectam estoques de distribuidores e de varejistas de todas as regiões do País; e ações para fortalecer a empresa no ambiente virtual.

“A parceria com uma plataforma digital agrega valor para a Bosch e favorece também os demais elos com a cadeia, que envolvem lojistas, mecânicos e consumidores”, diz Couto.

Negócios em foco

Distribuidores e lojistas podem, em poucos cliques, vender online utilizando grandes portais como vitrine virtual. Ao subir o estoque, informações técnicas, fotos e modo de aplicação, enviados pela própria indústria, ficam automaticamente visíveis na loja.

De uma maneira simples e padronizada, o varejista tem a chance de faturar mais sem muito esforço e investimento. Alfredo Bastos Junior, diretor de marketing da MTE-Thomson, explica a motivação da indústria na criação de um ecossistema digital.

A ideia é promover negócios, conectando todos da cadeia industrial. Não se trata da fábrica vendendo diretamente para os consumidores finais. O portal funciona como um marketplace e serve apenas de vitrine para nossos distribuidores e parceiros, que ali podem comercializar em um mesmo ambiente”, comenta Alfredo Bastos Junior, da MTE-Thomson.

Segundo ele, o lojista que se associa à plataforma estará visível em um portal acessado por usuários de todas as regiões do País, enquanto os clientes podem saber exatamente onde encontrar determinado item, com a vantagem de comparar preços. “A intenção da indústria é fomentar mais negócios através da tecnologia”, enfatiza Bastos.

Com mais incentivos para investirem no comércio eletrônico, varejistas de peças têm aproveitado o sucesso das vendas no Brasil. A 2ª edição do Estudo do Setor de Autopeças, realizada pelo Google, revelou que a procura por peças na internet vem crescendo a um ritmo de 40% ao ano, enquanto o varejo total apenas 25% no mesmo período.

Alfredo Bastos Junior, da MTE, ao lado de Fernando Masullo e Jefferson Masullo, sócios da Galpão Autopeças. Foto: arquivo pessoal.

Galpão Autopeças, em São Paulo, um dos principais revendedores da MTE-Thomson, já sente no bolso o poder das vendas online. “Antigamente, tínhamos certa restrição em comprar e vender pela internet, tanto que entramos meio desacreditados. Começamos a atingir regiões de várias partes do Brasil e percebemos que o futuro estava ali”, afirma Jefferson Masullo, sócio-proprietário da Galpão Autopeças. “Hoje, 40% das vendas vêm da internet”.

Bom para todos

Histórias como a da Galpão Autopeças são cada vez mais frequentes e estimulam o setor a se atualizar. De acordo com um estudo feito pela companhia americana CA Technologies, empresas brasileiras que investem em tecnologia podem faturar até 50% mais.

“A transformação digital mudou de uma vez por todas o papel da tecnologia dentro das empresas. Se antes as companhias eram feitas para durar, hoje, são feitas para mudar. A experiência do usuário está no centro desse movimento”, afirma João Fábio Valentin, vice-presidente de DevOps da CA na América Latina.

De olho nesse movimento, fabricantes e varejistas estão tornando suas operações mais digitais para atingir o novo consumidor, que passou a se interessar mais por pesquisas e compras através da internet. Até os mais conservadores estão se rendendo à rede, como o mecânico José de Sousa, de Belo Horizonte. “Consigo achar peças que, dificilmente, iria encontrar em uma loja física”, diz. “O setor tende a consumir mais pela internet”.

Mais soluções

As novas tecnologias têm animado a indústria, que, aos poucos, começa a tornar suas operações ainda mais sofisticadas. A SKF faz parte das companhias que querem ir além.

Utilizando nossas ferramentas, a empresa planeja, em breve, aderir a mais soluções. “Queremos conectar os estoques de varejistas e distribuidores da mesma região. Dessa maneira, o consumidor final sempre será atendido e nossos parceiros não perderão negócios. A ideia é que não falte nunca peças no mercado”, comenta Josué Cardoso, coordenador de e-commerce da SKF no Brasil.

Os novos planos também incluem a comercialização de outros produtos que tenham correlação com os da SKF, suprindo todo o setor. A ideia é levar essas soluções para outros mercados.

“Estamos sempre atentos às mudanças no comportamento do consumidor e para onde o setor está caminhando. Por oferecer soluções que beneficiam todos da cadeia de peças, também estudamos levá-las para a América Latina”, revela Cardoso.

Tecnologia na comunicação

As ferramentas digitais também têm facilitado o relacionamento. Se antes a ligação era o meio usado para tirar dúvidas, hoje, elas podem ser sanadas através de mensagens nas redes sociais, e-mails, WhatsApp e pelos chamados chatbots – programas que usam inteligência artificial para interagir com humanos.

Programados com respostas instantâneas, que ajudam o usuário com dúvidas técnicas e de produtos, eles têm sido soluções cada vez mais eficientes, pois funcionam 24h por dia e ainda ajudam a reduzir custos operacionais.

“Em breve, pretendemos utilizar os chatbots como forma de otimizar nosso trabalho”, diz Alfredo Bastos Junior, da MTE-Thomson, que se autodescreve como entusiasta do mundo tecnológico.

“Fomos a primeira fábrica de autopeças a disponibilizar o WhatsApp para nossos clientes. Usamos para tirar dúvidas técnicas e mandar fotos. Também enviamos os lançamentos através de um grupo, que já soma mais de mil reparadores. Testamos sempre todas as novidades que nos conectam com o consumidor”.

Ações tecnológicas também fazem parte das estratégias da Nakata, que já disponibiliza portal exclusivo, catálogo eletrônico e aplicativo. Para Sergio Montagnoli, diretor de marketing e vendas, o futuro do setor será definido por soluções que, a cada ano, chegam para otimizar o trabalho de todos da cadeia industrial.

“O universo digital vai muito além do e-commerce. Muitas possibilidades vão surgir e teremos a ajuda da tecnologia para criarmos um padrão de consumo e planos cada vez mais direcionados. O céu é o limite”, finaliza.